LN – Roberto Goyeneche: “Tango deve ser contado, não cantado”

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Entrevista publicada na revista LA NACION em 26 de agosto de 1979.

Quase impossível de encontrar durante o dia. Às três da manhã, quando poucos transeuntes passam por ela, ele atravessa a rua Corrientes, acompanhado de seu representante Jorge Chino Tiscornia, e avança para o tradicional bar Suárez, inclina-se, pede algo para beber. É hora de falar com ele. Roberto Goyeneche conhece a noite, saboreia-a e mergulha nas suas sombras. Sua ternura é surpreendente, uma forma de dizer até as coisas mais duras com delicadeza e respeito, como se quisesse não machucar ninguém. Ela arrasta as palavras, quebra-as, alonga-as como quando canta. Talvez o polonês não para de cantar, seu sussurro continua fora do palcoque sempre tem um sopro de carinho.

A sua passagem pelas melhores orquestras de tango, os seus numerosos discos, a sua popularidade, não ofuscaram o seu jeito monótono, de portenho amistoso e cordial. Ouve-se cantar com seu jeito habitual de parar e “contar” os versos dos tangos, saboreando cada frase, conhecendo profundamente seu conteúdo, virtude que não é frequente nos intérpretes.

Crônicas. Contexto histórico

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O personagem

Roberto Goyeneche

Símbolo da noite e do tango argentino. El Polaco nasceu em 29 de janeiro de 1926 em Urdinarrain, Entre Ríos. Em 1979, no momento da entrevista com LA NACION, foi colocado à venda o vigésimo sexto de seus quase cem álbuns, “Con Alma”, gravado em conjunto com a orquestra Armando Pontier.

-O que você acha que é mais importante para um cantor de tango, a parte interpretativa ou a parte vocal?

-A interpretação é o mais importante. Por isso dizem que gostam de Goyeneche. Sem pedantismo, posso dizer que já gravei com as melhores orquestras do mundo, tango claro. Lembro-me sempre do que me dizia Aníbal Troilo, Pichuco, um dos músicos mais importantes: “Tens de dizer ao público, não cantar para eles, porque quem manda cantar é a orquestra.” Eu sempre mantenho isso em mente.

-Por volta dos anos 50 você mudou seu estilo, por quê?

-Até 1950, mais ou menos, fui cantor de orquestra; depois comecei a mudar minha forma de cantar quando era solista. Eu realmente comecei a fazer o que eu queria, não o que o diretor mandava.

-Existe um novo tango?

-Sim. Em vez disso, há uma nova maneira de fazer tango. O tango é o mesmo. Eu tenho muitos temas modernos. Devemos banir o blefe, o bonito, que não existia, foram inventados e com a descoberta da pólvora acabaram todos os bonitos. Estou com os jovens, estou interessado. Além disso, existem atualmente jovens cantores de grande qualidade.

A entrevista com Roberto Goyeneche na revista dominical de LA NACION, em 26 de agosto de 1979

A entrevista com Roberto Goyeneche na revista dominical de LA NACION, em 26 de agosto de 1979 (CamScanner/)

-Mas o tango refletiu em seu momento temas e problemas diferentes dos atuais.

-Não não. São todos idiomas. As palavras lunfardas são voltas da língua que muitas vezes são válidas. Dou-lhe um exemplo. A palavra bulín vem do francês e significa ninho feito por andorinhas, as únicas aves que o casal nunca “junta” após a morte. Observe que diferença existe. Muitos acreditam que bulín é uma palavra grosseira. Digo com amor, carinho e ternura.

-Você acha que as mulheres acrescentam algo importante ao tango?

-Bastante. Muito. Conheço mulheres que cantam a sério, não só os homens.

-Existe um movimento jovem. A Jovem Cruzada do Tango, o que eles contribuem, na sua opinião?

-Não estou de acordo. Tentam impor musicalmente coisas fabulosas, mas falham na metáfora. Há privilegiados como Horacio Ferrer, que pode dizer “Pichuco com mãos como pátios”; Homero Expósito pode dizer “um arco de violino pregado a um pardal”, mas não coisas que não façam sentido. Uma mulher, Eladia Blázquez, que considero uma autora e compositora extraordinária, está salva de minhas críticas. Os caras que estão fazendo isso devem pensar que as letras desempenham um papel importante. Não sou contra a metáfora, sou uma tremenda metafórica, mas isso é compreensível. Falo exclusivamente da parte poética. Eu não sou contra eles. Eu censuro algumas coisas, não critico. Eu censuro a parte poética.

Roberto Goyeneche em 1969: disse que seu estilo se formou quando começou a carreira solo e deixou de obedecer a um diretor

Roberto Goyeneche em 1969: disse que seu estilo se formou quando começou a carreira solo e deixou de obedecer a um diretor (LA NACION/)

-Qual é o seu poeta favorito?

– Alfredo Lepera. Um lírico.

-E compositor?

-O guia melódico mais importante que existe no mundo. Astor Piazzola.

-Existe uma mitologia ao seu redor. Quais são os seus pontos fortes e fracos?

Isso é para o público dizer. Tenho 82 long-plays gravados e não é pra ser fofo.

-Eu estava me referindo ao homem Goyeneche.

-Sou a coisa mais nobre que existe. Eu não deveria dizer isso. Eu amo pessoas. Eu gosto de coisas bem feitas.

-Onde nasceu?

-Na rua Melián, Avenida del Tejar e Quesada. Bairro Saavedra. Sou fã do Platense. Polaco me chamou de Troilo porque disse que não havia cantoras loiras, talvez esquecendo que Corsini era loiro.

O Pólo Goyeneche e Aníbal Troilo

O Pólo Goyeneche e Aníbal Troilo

-Como foi seu começo?

-Com 14 anos tive que começar a trabalhar, porque meu pai morreu e minha mãe era o único sustento. Fiz isso com Raúl Kaplun, um homem que adoro. Ele cuidou de mim como um pai. Com autorização de minha mãe, desde menor, nessa idade comecei a trabalhar como profissional em uma boate na rua Leandro N. Alem. Acabei de fazer uma entrada e eles me trancaram em um quarto onde havia um sofá para eu dormir. Quando terminei, Kaplun me acompanhou até o bonde e minha mãe me esperava no ponto.

-Que mudanças você encontrou na vida noturna de Buenos Aires desde o início até hoje?

-Há mudanças. Eles querem introduzir coisas que não são favoráveis ​​ao tango. Há setenta por cento do turismo que obriga você a fazer certos tópicos. Gente que só conhece Gardel e Legisamo, nada mais.

-Como você entende que em países distantes, onde não se entendem nem as letras, o tango é tão popular?

-Você está falando do Japão?

-Não exclusivamente. Colômbia, América Central, França…

-Eles adoram o tango de Gardel. E no Japão, onde dizem gostar tanto de tango, o conhecimento e o sucesso da nossa música estão reduzidos a uma parte muito pequena do país. 99,9% dos japoneses não sabem nada de tango.

-Por que você raramente aparece na televisão?

Eu gosto de televisão, mas me deixa muito nervoso. Isso me esgota.

-Como você definiria o homem de Buenos Aires?

-É fabuloso. Com grande personalidade. Em qualquer país, você o reconhece quando o vê andar.



Publicado en el diario La Nación

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